Dizia um antigo Primeiro-Ministro português nos anos 70 do século passado que não gostava de ser sequestrado, justificando "é uma coisa que me chateia".
As pessoas não gostam de ser infetadas, contrair doenças ou, no limite, de morrer. É a tendência geral.
A questão está em como se pretende viver num mundo onde a esta pandemia podem suceder outras. A possibilidade de vivermos num mundo mais ameaçado é real.
E aí respostas como a do artigo que segue são a corrosão da vida democrática. Tornar transparentes os indivíduos transmitindo informações sobre dados de saúde para aplacar o medo de clientes é a transformação das ficções distópicas em realidade.
A transparência não é característica que possa ser exigida a pessoas. É tema para procedimentos e funcionamento de órgãos.
O modo como os direitos fundamentais resistirem aos métodos de combate à pandemia vai ter larga repercussão no futuro.
Terminemos com uma parcela do assustador poema "All Watched Over by machines of Loving Grace" de Richard Bautigan (1967), por muitos idolatrado:
"I like to think
(it has to be)
of a cybernetic ecology
where we are free of our labors
and joined back to nature
returned to our mammal
brothers and sisters
and all watched over
by machines of loving grace"